Escrevi estas notas um pouco inspirado naquele Algumas baladas de São Paulo.
- Le Vin. Jantar com uma amiga que não via há anos. Foi muito melhor do que esperava.
- Roma. Nós dois numa mesa enorme. Tudo lembra uma época em que não vivi, inclusive o piso, o carrinho de sobremesa e o corte de cabelo de alguns(as) clientes.
- Forneria. Passo a manhã de sábado no escritório, num feriado em São Paulo, e resolvo comer aquele sanduíche de aspargo como consolo. Levei uns dois relatórios num envelope de plástico, pra ler durante o almoço. Li o jornal.
- Casa da mortadela. Fui fazer alguma coisa no centro, na época da faculdade, e liguei para um amigo que estagiava lá. Almoçamos um sanduíche enorme e conversamos sobre o que íamos fazer à noite.
- Emiliano. Um almoço de mais ou menos quatro horas, numa sexta-feira. Conversa com amigos sobre a GV -- apesar de não termos estudado juntos -- e sobre as dificuldades de trabalhar numa empresa grande. Na mesa ao lado, um gordo de babador, com uma postura muito elegante, comendo sozinho.
- Noborisushi. Na Vila Carrão, alguém sugere um japonês. Um de nós acha que é piada -- justo o que mais comeu, depois.
- Badebec. Jantar na sexta, no Shopping Market Place, com alguns amigos que não moram em São Paulo. Engraçado ir de novo naquele shopping, depois de tanto tempo.
- Ritz. Saio mais tarde do escritório, numa sexta-feira, com uma estranha vontade de comer aquele Ritz Burguer com gorgonzola. Sento lá e janto lendo o Caderno 2, tentando organizar o fim de semana.
- Sushi Kin. Num almoço mais longo, na Amauri, uma conversa quase profunda sobre coincidências e relacionamentos com uma amiga.
- Carcamano. Uma pizza na quinta-feira com um amigo, depois do trabalho. Conversa sobre trabalho e inesperadamente, em algum momento, sobre a biografia que de Vinicius de Moraes por José Castello.
- Nagayama. No balcão do Itaim, sexta à noite, sozinho, depois de assistir no Kinoplex Eu e as mulheres -- e do programa que eu ia fazer em seguida (com uma mulher) não funcionar.
- Lanchonete da Cidade. No shopping Cidade Jardim, sábado à tarde, voltando de algum lugar mais longe com a minha irmã. Na janela, uma vista quase surreal do céu de São Paulo.
- China Massas Caseiras. Alguma coisa ali lembrou minha infância.
- Fasano. Voltando do banheiro, alguém da nossa mesa para naquele vidro, na escada, em frente à cozinha, e passa a mão na barriga fazendo aquele sinal para o cazinheiro andar mais rápido. O cara deu risada.
- Cachoeira Tropical. Vou sozinho numa quarta-feira. Ouço a aventura da vida da mulher que tira os pratos, que é muito mais feliz em São Paulo do que era no Maranhão, e tem um piercing no nariz.
- La Brasserie. O restaurante estava mais tranquilo porque, na última hora, ouvimos do maître, a Adriane Galisteu cancelou uma mesa de uns vinte lugares, que estava toda montada. Me lembro de uma panela ao lado da nossa mesa e de uma sobremesa muito boa.
- Carlinhos Restaurante. Alguém passou a semana toda organizando o grupo e reservando um carneiro no Pari. Quase ninguém sabia onde fica o Pari. O cara deve ter mandado uns 200 e-mails. Compensou.
- Kinoshita. Último dia na Rua da Glória. Mura, com todo aquele estilo, preparava seus últimos sushis na Liberdade e contava que estava procurando lugar para abrir um novo restaurante, "mais perto dos clientes". Talvez tenha ficado perto demais.
- Condessa. Almoço domingo quase de pijama. Encontro lá alguém que ainda não sei quem é.
- Rong He Massas Chinesas. Almoço na Liberdade numa terça ou quarta-feira. A conversa passa por uns 20 escritores diferentes, dos quais não li quase nenhum. Saí de lá com algumas passagens de O homem sem qualidades na cabeça.
- D.O.M. Meu amigo vai no banheiro e demora. Quando olho em volta, acho ele descobrindo a cozinha com o Alex Atala.
- Charlô. Na época em que era pequeno, um jantar de despedida com uma namorada. De despedida não me lembro de quem ou pra onde. Mas foi mais ou menos nessa época em que tudo começou a acabar.
- Getulinho. Num dos primeiros semestres da GV, numa mesa no canto, almoço com o editor do jornalzinho do DA, um cara muito animado. Ele gostava de Beckett e das crônicas do Woody Alan. Decidimos que eu ia publicar uma resenha de Contraponto, do Huxley, e estrear uma coluna sobre literatura.
- Jun Sakamoto. O garçom usa headfone, então você precisa repetir três vezes que a água é com gás. No balcão, o mestre explica para aquele cineasta por que cerveja também combina com sushi. Alguma coisa ali me deixa um pouco desconfortável.
- Speranzza. Deve ter sido num final de semana à noite. Estávamos em dúvida aonde ir e, não sei por que, estávamos ali perto. Mas o Bexiga pode ser perto e longe de tudo ao mesmo tempo.
- La Tartine. Era quase um segredo nosso. Nunca fui com mais ninguém. Outro dia, antes de uma sessão no Belas Artes, tentei ir sozinho, mas estava fechado.
- Rubayat. Sábado, durante aquela feijoada, uma conversa com dois amigos sobre namoradas, trabalho, filhos, etc. Não me lembro o que esse etc. incluía-- talvez casamento.
- Buttina. Depois de uma manhã entre Morumbi, Guarulhos e Jaraguá, uma massa no jardim com um casal de amigos. Não me senti em São Paulo.
- La Casserole. Numa segunda-feira tranquila, um jantar francês pesado. Alguma coisa faz daquele ambiente o mais agradável de São Paulo. Na mesa, ouço do meu amigo alguma coisa assim: "agora, cara, se você quiser me encontrar sexta na hora do almoço, pode me procurar aqui".
- B&B Bistrô. Com a família inteira, domingo, depois de um aniversário no sábado. Em duas mesas: uma para os mais novos e outra pras que até há pouco tempo eram crianças. Eu não sabia em qual sentar.