Alguém me perguntou se eu acho que existe diferença entre blog de meninas e de meninos. Acho que sim. Acho que os caras escrevem mais sobre assuntos grandes, distantes, e sobre coisas, objetos: escrevem mais sobre política, tecnologia, etc., e menos sobre seus problemas pessoais. E mulheres escrevem sobre assuntos mais particulares — ou pelo menos tratam de forma mais íntima esses mesmos assuntos. Gosto disso.
Já recomendei os da Carol e da Mariana, por exemplo, e acho que os títulos dos seus blogs — enviesada e Interlúdio — traduzem bem esse espírito. Acho bacana posts assim: "hoje acordei sorrindo e disposta a grandes atos. vontade de dançar". E a Mariana — que tem um dos blogs mais silenciosos, discretos que conheço — acabou e lançar o 365 — Os dias, onde vai publicar todo dia duas fotos novas: é incrível como ela acha detalhes bonitos em quase tudo: e como ela consegue capturar esses fragmentos do seu dia-a-dia sem se expor pessoalmente.
Dei uma volta por outros blogs, neste final de semana, e me diverti em vários, como aqui: "quem me conhece sabe que sou a psicóloga mais picareta que existe. talvez por isso meus conselhos de fato ajudem", no veja bem, meu bem. Também gostei do Nada profissional, o "abridor de latas sentimental" da Anna Carolina, que chora ouvindo contos sertanejos e me lembrou desta cena maravilhosa de Em Paris. Um blog que devia voltar a ser atualizado, aliás, é o da Bebel, que tem um post curioso sobre um balde de água e outro, engraçado, sobre a origem da sua encalhação e como escapou dela: "eu nunca saio de casa e, quando saio, se trata de lugares em que a faixa etária média é de 70 anos". E blog de menina — nunca sei se escrevo "menina" ou "mulher" —, claro, sempre tem aqueles momentos dramáticos, e os Meus suicídios da Julieta são dos que mais gostei: "eu me suicido toda vez que corto o cabelo", "eu me suicido toda vez que quero me apaixonar de novo", etc.
Tem gente que acha que blog pessoal demais é meio ridículo e que normalmente é ruim: é porque não conhecem opções como essas listadas acima. Tudo é — ou pode ser, se bem escrito — interessante.
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