A Flip é muito mais um evento social do que literário. Muita gente implica com o evento, que é um auê, uma pequena bagunça em torno de uma experiência que é acima de tudo íntima, solitária. Não vejo muito problema nisso.
Ir à Flip não é a mesma coisa do que ler os escritores que estão falando lá, óbvio. A idéia da Flip, acho, é que pessoas interessadas em livros, em literatura, se encontrem para conversar, nas mesas oficiais ou fora delas. Conversar sobre livros não é a mesma coisa que lê-los, claro. O que não significa que seja ruim, errado.
Ao contrário: é muito saudável que a literatura seja exposta assim, publicamente, sem o ranço que costuma acompanhá-la em ambientes acadêmicos, fechados. Claro que a Flip também tem os seus momentos de afetação burocrática, que, infelizmente, este ano acompanhou a sua abertura. Mas no geral não é assim: as mesas são boas, divertidas, e os escritores – se nem sempre são os melhores, os que mais gostaríamos de ouvir – normalmente são relevantes, interessantes.
E o público da Flip não é composto exclusivamente por intelectuais, acadêmicos. O legal é que é um evento que atrai uma variedade incrível de pessoas – estudantes, bibliotecários, banqueiros, empresários, professores, etc. –, que não imagino se reunindo com facilidade em outros ambientes. E talvez esse seja o seu maior mérito: atrair pessoas gostam sinceramente de ler, mas que não por isso acham que a vida está trancada numa biblioteca.
Escrevi vários posts de lá, mas, se quiser, acho que estes foram os melhores momentos: Machado é expulso da Flip!, Poesia na casa do príncipe, Primeiras impressões.