O Nomínimo morreu

O Nomínimo empacotou. É triste, mas é a vida. É triste porque eles apostaram no fundamento do jornalismo: na equipe variada – de Xico Sá ao Villas-Bôas Correa –, no texto fluente,  na liberdade aos articulistas. O Nomínimo tinha uma qualidade que não se acha nos melhores jornais. Mas não conseguiram pagar as contas. O Nomínimo foi um sucesso jornalístico e um fracasso empresarial. É a vida.

É óbvio no que eles acertaram: no produto. Só que ainda está nebuloso o ponto em que erraram. Eu acho que em dois pontos básicos eles erraram muito gravemente: eles não souberem criar uma comunidade de leitores e não exploraram todas as possibilidades de receita.

Os colaboradores do Nomínimo não conseguiram se aproximar de verdade dos seus leitores. Repare: os posts não seriam muito diferentes se fossem impressos num jornal. Faltou espontaneidade, e – se me entendem – falta de profissionalismo. O leitor estava em casa lendo os blogs de Havaianas, mas os editores não conseguiram soltar o nó da gravata. Eles estavam muito tímidos para a naked conversation que a internet exige.

E estavam gerando receita de uma forma primitiva: com banners, enquanto até o Valor já aderiu ao Google AdSense. E não estavam dando bola para os feeds, que eu recebia sempre com os posts em pedaços, enquanto anúncios em feeds – do Feedburner, por exemplo – é hoje a principal novidade para blogs.

Eles buscaram um patrocinador até o último momento. (Ainda devem estar buscando.) Queriam que uma iniciativa solidária bancasse uma operação financeiramente inviável. Poderiam até sobreviver assim. Mas acho que não seria a vida com que tanto sonharam.