Passei segunda na Banana Music do Shopping Iguatemi. É o mesmo problema da Livraria Cultura ou de qualquer loja que precisa ter estoque, ponto de venda, vendedores: poucas opções, poucas novidades, pouca coisa importada, dificuldade para encontrar o que a gente gosta. Isso apesar da melhor intenção dos vendedores e de toda dedicação da loja para trazer o que tem de lançamento interessante no mundo.
É que todas essas lojas que precisam ter prateleira estão presas a este mundo, digamos, material. Um mundo que economicamente está deixando de fazer sentido. Passei segunda também na Livraria da Vila da Casa do Saber, por acaso, para tomar um café depois do almoço, e não comprei nada.
Um exemplo da força das lojas virtuais: 90% dos DVDs alugados pela Blockbuster nos Estados Unidos são lançamentos; na Netflix – que aluga pela Internet, entrega pelo correio e está acabando com a Blockbuster lá – só 30% são lançamentos. O que significa o seguinte. A Blockbuster tem um limite de espaço nas lojas e prioriza os poucos DVDs mais alugados. Os clientes, portanto, acabam limitados àquelas poucas opções, independentemente de quererem ou não assistir os filmes que acabram de sair.
Na Netflix, por outro lado, o catálogo é infinitamente maior, e os clientes acabam encontrando opções que lhes satifazem mais. E ainda têm a força da recomendação dos clientes pela Internet, do tipo "Ei, se você gostou de Hobin Wood, também vai gostar de Huckbelerry Finn". Isso é muito mais convincente, acredite, do que o "Não perca o último filme de Bruce Willis" que nos empurram nos trailers.
É sobre esse fonômeno que Chris Anderson escreveu o que a Economist chamou de "o mais elegante conceito de negócios da atualidade": The Long Tail. O livro é sobre todo aquele monte de coisa específica, que é consumida em pequena escala – quem ainda assiste os filmes de Michael Curtiz? –, mas que, juntas, agora com a Internet vão ser mais importante do que os grandes produtos pra massa. É um livro, aproveitando o nome de um capítulo, sobre a formiga com megafone. E sobre quem produz o megafone. E sobre a platéia que quer ouvi-la.